19 agosto 2009

Fruto


«Cristo ..... a quem anunciamos, admoestando a todo o homem, e ensinando a todo o homem, em toda a sabedoria, para que apresentemos todo o homem perfeito em Jesus Cristo», Col. 1:27-28.



Num domingo de manhã duas estudantes húngaras, a Ester e a Sofia, que não são evangélicas, visitam a igreja baptista em Caldas da Rainha e participam num almoço no «Canto da Rola», mas sem a presença dos responsáveis (Alan e Celeste), uma vez que estes estão em férias. No dia seguinte elas sofrem um acidente de automóvel com o Andrew, com o Artur (marido da organista da igreja) e com a Mattie (filha da organista) a conduzir. O Andrew sofre várias fracturas da bacia, de algumas costelas, da omoplata e da clavícula; a Ester e a Sofia sofrem fracturas da bacia e o Artur das duas pernas. Só a Mattie não tem feridas.

Durante mais de 15 dias, e antes de poderem regressar ao seu país, a Ester e a Sofia recebem visitas diárias no hospital de membros da igreja e de outros amigos. O Artur também recebe. Durante 5 semanas o Andrew, internado no Hospital de Santa Maria, recebe visitas todos os dias sem falhar, de familiares, de crentes residentes em Lisboa e de membros da igreja das Caldas que se deslocam a propósito.

Já há bastante tempo que tenho a impressão que o nosso hábito de avaliar as nossas igrejas quantitativamente (número de membros, número de baptismos celebrados anualmente, etc.) é o resultado de uma obsessão errada. Não será mais importante ainda a marca do cristianismo genuíno que Jesus apontou em João 13:35:

«Nisto conhecerão todos que sois meus discípulos, se tiverdes amor uns aos outros»?

O amor que a comunidade tem para dar extravasa: não é só para os seus membros. Neste caso duas pessoas estrangeiras que são quase «adoptadas» por uma igreja nem sequer são crentes evangélicos. É este amor que ocupa o primeiro lugar na lista que descreve o fruto do Espírito em Gálatas 5:22.

Quando aos 40 anos fui consagrado pastor, defini sempre como os meus objectivos ensinar e acarinhar a igreja local para que ela desse este fruto. Manifestamente privilegiei o objectivo da qualidade mais do que a da quantidade. A nossa igreja ainda tem muito mais por realizar: mas sinto que está claramente no caminho certo.

Como a igreja nem sempre foi assim, e como o percurso que levou até este ponto foi complicado e (como todas coisas na vida) envolve aspectos tristes e outros cómicos, tive recentemente a ideia de partilhar alguns momentos vividos com os leitores do blogue. Sem dramatizar. E sem que ninguém mencionado seja condenado por aquilo que fez (ou por aquilo que eu, na minha interpretação, julgo que fez!).
Aqueles que não tiverem passado já para a presença do Juíz que sabe todas as coisas (e alguns passaram) naturalmente ainda terão as suas oportunidades para se corrigirem e para crescerem.
Como eu também espero ter!

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