22 agosto 2009

RETALHOS DA VIDA DE UM PASTOR (1)

Consagrado pastor! Com 40 anos!
Sem dúvida a alegria que senti em 15 de Junho de 1991 foi muito grande... para mim e para a minha esposa e (creio) para os meus filhos.
Não sabia aonde iria ser chamado a servir – mas alguns membros da Igreja de Caldas da Rainha estiveram presentes no culto de consagração em Coimbra. Estavam a precisar de um pastor....
Só que eu tinha feito uma ressalva para mim: que Deus não me chamasse para uma igreja que tivesse um projecto de construção de novo templo....
Por outro lado, eu disse que estava disposto a seguir para onde o Mestre chamasse!
Já vi em vários lugares que o “sentido de humor” de Deus é assim. Quando usamos a palavra “excepto...”, é para essa excepção que Ele tende a levar-nos.
Pensámos bem no significado do nosso compromisso e, apesar do “excepto”, aceitámos o convite que a igreja de Caldas nos dirigiu.

O meu antecessor em Caldas, missionário brasileiro, tinha feito um trabalho esforçado na área da evangelização e também tinha montado uma campanha para o levantamento de fundos para o novo templo, um projecto esplêndido para um espaço que ficava ao pé da Universidade. Inspirada na campanha de Gedeão, em Juizes 6 a 8, era a «Campanha dos 300 Valentes». Como a igreja, na sua lista de membros, tinha menos de 100 membros, a ideia aparentemente era interessar outros – para aumentar a lista dos «valentes» até aos 300. Homens de negócios da cidade, familiares, irmãos de outras igrejas... iriam aumentar as fileiras – até chegarmos aos 300....! E quem sabia se o crescimento numérico da igreja, seguindo no ritmo da altura, não iria em pouco tempo chegar a esse objectivo, mesmo sem contar com os outros?

Só que era uma igreja em que muitas das pessoas não se entendiam. Logo nos primeiros dias recebemos visitas formais de membros, muitas vezes com generosas ofertas de alimentos, mas que em vários casos tinham o objectivo discreto de nos prevenir contra certos outros membros em quem não se podia confiar.... Dentro de pouco tempo, diziam as pessoas em cada grupo, iríamos perceber por quê!

E, nos cultos, muitos dos quase 100 membros já “brilhavam” pela ausência!

Para me sintonizar com o espírito da Campanha dos 300 Valentes, comecei a pregar uma série de mensagens sobre a história de Gedeão. Fiz rapidamente uma descoberta bastante relevante. O número «300» no texto bíblico não é o resultado final de um projecto de crescimento (nem muito menos da integração de outros elementos de boa vontade para aumentar o número do exército de Israel): é o resultado final de um projecto de selecção, sendo escolhidos por Deus apenas aqueles que O amam e servem de coração.

Começámos a pensar: «será que há 30 que reúnem estas condições?»

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