Não, não vou tratar do filme «O Rapaz com o Pijama às Riscas».....
Era mesmo um casaco. Grosso, verde escuro, e com uns quadrados amarelos. Não me lembro se me foi oferecido, ou se o tinha comprado numa loja de roupa em segunda mão («charity shop») em Inglaterra.
Algumas pessoas na congregação, nos domingos de manhã, começaram a distrair-se, dando menos tempo a ouvir o sermão e mais a observar, com atitude crítica, o casaco do pastor. Não ousaram dizer directamente que não gostavam do casaco: mas a notícia chegou até a minha esposa... e não sei a quantas pessoas antes dela!
Até ao dia em que dois irmãos idosos resolveram fazer-me uma surpresa. Um deles nunca veio a ser membro da igreja: mas foi um bom amigo que veio a falecer uns anos depois. Outro ainda era membro de outra igreja: depois mudou para a nossa e ainda é vivo – com 92 anos.
Vieram dizer-me que tinham uma pessoa que estavam a evangelizar: precisavam da minha ajuda para falar com a pessoa. Com todo o cuidado marcaram o lugar e a hora do nosso encontro. Lá cheguei na hora combinada: fomos muito pontuais os três. E, para minha surpresa, estávamos ao pé de uma boa loja de roupas!
Entrámos e contava encontrar, dentro da loja, o amigo que precisava de ser evangelizado. Mas disseram logo que o que queriam realmente era comprar-me um casaco!
Em pouco tempo, apreciando os preços, vimos que um fato seria bastante económico e seria uma melhor opção. Compraram-me um fato bonito e despediram-se: «Até domingo!». Quando é que eu alguma vez, com as limitações financeiras que tinha com a minha família, teria resolvido gastar esse valor na compra de um fato novo?
E outra coisa..... Era na altura, e ainda sou, professor de Ética Cristã no Seminário Baptista. Quando surge o tema das «mentiras piedosas», não costumo dar margem para a mentira ser justificada tendo em vista as boas intenções de quem a profere. Mas nunca ganhei muita coragem para condenar a «mentira» que estes dois irmãos idosos da congregação usaram para me fazer esta preciosa oferta!
06 setembro 2009
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3 comentários:
Li este "post" do meu Amigo o Pr Pallister ( será mesmo dele ? Não está assinado...) e, com todo o respeito, vou permitir-me lamentar a forma como findou a tal questão do casaco às riscas. Possivelmente - assim esperamos - esses bons irmãos, com o tempo e o amadurecimento espiritual, terão compreendido que havia outras formas mais límpas de ajudar o pastor. Mas essa foi errada.
Caro irmão João Pinheiro,
Nas aulas de Ética Cristã costumo tomar posição contra a «Ética da Situação», na qual os fins podem justificar os meios. Por isso, tenho que concordar com a posição que o Irmão toma, relativamente a esta questão do meio que foi usado para me levar à loja para a oferta de um fato.
Mas, como é evidente, vendo o amor e lealdade dos irmãos (e o ar de «meninos grandes» com que estavam!), seria bastante duro da minha parte recusar a sua oferta por causa de uma mentira. No caso de Raab, por exemplo, há evidência bíblica (em Hebreus 11:31 e Tiago 2:25)de que Deus aceitou a sua fé e as suas obras, apesar de ela ter mentido.
O que acho retrospectivamente que deveria ter feito com estes dois irmãos era aceitar a sua oferta e ter, ao mesmo tempo, uma palavra leve com eles, a chamar a atenção: «Olhem, irmãos, muito obrigado, mas cuidadinho com as mentiras!».
O não ter conseguido fazer assim foi falha minha. Nunca consegui repreender uma pessoa com idade para ser o meu pai!
Lembro-me bem desse casaco... :)
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