Em Outubro de 2008 sugeri neste blog que os «emergentes» do cristianismo eram elementos incómodos no nosso meio, mas que nos desafiavam a ser mais relevantes na aplicação da verdade da Bíblia. Comparei-os com John Howard Yoder, no século vinte, e Frederick William Robertson no século XIX. Mal sabia na altura que já estava a «fervilhar», especialmente nos Estados Unidos, uma polémica entre os «emergentes» e os seus críticos, que atinge mesmo o cerne da nossa mensagem. Tem a ver com as doutrinas bíblicas do castigo eterno dos que morrem sem conhecer Jesus e com a expiação de Cristo, o nosso substituto.
Não cito nestas postagens nada que não venha directamente da boca (palestras no You-Tube) ou dos escritos de Brian McLaren (extractos dos seus livros), o mais conhecido e mais citado dos «emergentes».
Um aluno meu, que leu o blog e comentou favoravelmente na altura, admira bastante a visão «emergente» da igreja. Foi a primeira pessoa (sem incluir a minha esposa!) com quem partilhei as minhas descobertas acerca da doutrina de McLaren. Como os materiais que citei estão todos em inglês, ele disse-me que também não conhecia estes aspectos.
No seu livro «The Last Word and the Word after That» (!), publicado em 2005, apresenta uma série de conversas fictícias entre o pastor - da Igreja Comunitária de Potomac, e a sua filha, em que ela manifesta o seu incómodo pelo facto de os seus amigos que não conhecem Cristo, se morrerem, irem sofrer eternamente no Inferno. O pastor tenta sossegá-la explicando que, além desta posição tradicional exclusivista, existe também o inclusivismo – a posição que admite a possibilidade de pessoas serem salvas através de Cristo, com base apenas na luz que receberam (sem necessariamente aceitarem explicitamente Cristo como Salvador). A filha primeiro reage positivamente, mas depois queixa-se de que isto não abre a possibilidade de salvação para muitas mais pessoas.
A seguir o pai diz que há crentes que são condicionalistas – que acreditam que o inferno pode ser um castigo limitado no tempo, de acordo com os merecimentos da pessoa. Mesmo aqui, o sossego que isto parece trazer à mente da filha dura pouco: acha que foi um desperdício Deus criar tantas pessoas com a finalidade de as destruir permanentemente.
A seguir a filha descobre o universalismo – a ideia de que todos serão salvos – hipótese esta que seu pai, pelo menos abertamente, nunca admitiria. O pai consola-se a pensar que, mesmo que a sua filha seja universalista, pode ser crente. Mas depois pensa que, mesmo sendo crente, ela não poderá ser membro da Igreja Comunitária de Potomac, que ele pastoreia. As suas próprias dúvidas (as do pai) são secretas – mas sabe que, se for honesto, a sua própria posição está em causa também.
Sobre o tema esta conversa o texto bíblico pronuncia-se claramente. João 3:36, na linha de muitas outras passagens do NT, diz: «Aquele que crê no Filho tem a vida eterna; mas aquele que não crê no Filho não verá a vida, mas a ira de Deus sobre ele permanece».
Para a semana, retomo este assunto, interrompendo mais uma vez os meus «Retalhos da Vida de um Pastor».
18 novembro 2009
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1 comentário:
Saudações! Realmente aquele que é considerado, ou o mais "perseguido"dos emergentes, hehehe, tem incomodado um grande número de cristãos, desde leigos, professores de edb, pastores, bispos e até alguns que se dizem "apóstolos". Este assunto, desde que falamos, tem sido motivo de certa reflexão para mim. Se de facto a teologia de Mclaren é universalista ai terei de discordar dele devido ao que as Escrituras nos diz e é clara. Agora outra cena é generalizar a "possível" visão universalista de McLaren como visão de todos os "emergentes", sei que não pesas nem generalizas desta forma, mas certamente muitos vão generalizar, o que não é novidade. Afinal os "emergentes" já são generalizados como liberais... o que é uma pena, julgar algo que Deus tem usado para vincar princípios pessoais na qual muitos se utilizam de textos bíblicos para defender a sua herança pessoal.
Fixe! Aguardo o próximo artigo e continuamos a nossa conversação ;-)
Abração!
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