Nos meus «retalhos» já cheguei ao ponto de descrever, em linhas gerais, o processo envolvido na segunda tentativa de membros da nossa igreja se «libertarem» do nosso ministério incómodo.
Mas, alguém pode estar a pensar: «vocês – Alan e Celeste – tinham uma vocação de parte de Deus para estarem nesse lugar. E os filhos? Eles foram por vocação? Tendo sido arrastados para uma igreja em que muitos elementos não iriam respeitar a pessoa ou o ministério dos seus pais, como é que eles poderiam atravessar as crises, sem ganhar uma aversão total para o “ministério evangélico” em que os seus pais estavam comprometidos. E mesmo para a igreja em que se encontravam, mas sem ser por escolha própria?
E, na parte financeira, havendo essa redução drástica do salário, relativamente àquela que inicialmente nos tinham dito, como é que os filhos poderiam completar o ensino secundário e universitário, sem ser numa situação de pobreza extrema e sem sentir uma grande revolta como consequência?
Gostava de dar algumas respostas a estas questões hipotéticas – questões que nós já nos colocámos muitas vezes na altura. Por respeito a cada indivíduo que faz parte da minha família, vou falar em termos bastante gerais.
Em primeiro lugar, é verdade que os filhos sentiram a mudança, uns mais do que outros. O Ricardo, já adolescente, sofreu pela separação dos seus colegas de escola e igreja, de Coimbra. A Lilian e o John sentiram a dificuldade própria de terem que mudar de escola duas vezes. (O Andrew era demasiado pequeno nessa fase para notar o problema). Mas, como é óbvio, este tipo de situação surge muitas vezes com outros tipos de mudança que os pais têm que fazer, sem ser só mudanças por causa do ministério numa igreja.
Em segundo lugar, a vida da igreja sempre teve a sua parte positiva. Experiências agradáveis foram vividas em muitas ocasiões, houve convívios e boas lições foram dadas, mesmo por pessoas que depois entraram em conflito. Nos sermões acredito que tenham aprendido algumas coisas, uma vez que o método expositivo pode ter valor não só para adultos mas para os mais novos também. No culto doméstico (quando não descuidávamos!) foi possível manter a comunicação na família, tentando explicar de algumas maneira quando as situações estavam a «azedar».
Na altura do voto em 1998, para decidir se eu ia ser exonerado, havia uma sensação entre nós de companheirismo na luta. Tendo sido o voto por escrutínio secreto, não posso afirmar categoricamente que todos os filhos tenham votado a favor da nossa permanência! Se algum estava tão cansado da luta que votou contra, posso manifestar aqui a minha compreensão para ele. Mas há qualquer coisa que me diz que eles devem ter apoiado a nossa permanência, compreendendo, no mínimo, que era importante para nós, os pais, seguirmos a nossa vocação e (quem sabe?) talvez vislumbrando um futuro melhor, mesmo para eles, de acordo com as promessas de Deus.
Sobre a parte financeira, espero falar na próxima postagem.
06 fevereiro 2010
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