15 março 2010

Filhos (3)

As pessoas que iniciaram o primeiro processo de «libertação», já em 1993, diziam que o nosso problema era que não tínhamos jeito para o trabalho com jovens. Acredito que a saída de muitos jovens da igreja nesse ano tenha sido ainda mais por influência desses adultos do que por vontade dos próprios jovens!
Quase todos os amigos que o Ricardo tinha feito, por exemplo, saíram. Alguns terminaram por associar-se a uma igreja «carismática»; a maioria deixou de frequentar qualquer igreja.
Entretanto, poder-se-ia pensar que, tendo eu o ministério de ensinar no Seminário, e tendo nós os dois trabalhado durante anos com o Grupo Bíblico Universitário, tínhamos da parte do Senhor pelo menos alguma capacidade nessa área. Mas o problema dos nossos críticos era o facto de querermos definir limites, ensinando os jovens claramente, por exemplo, a não se envolverem em namoros com pessoas que não eram crentes. Os outros «sabiam» que era preciso, em tempos como estes, a igreja ser mais «tolerante».
Quando, em 1998, os dois grupos da oposição se uniram, para fundar uma nova missão, era em boa parte para tentar juntar os jovens de novo. Estes dois grupos nunca conseguiram relacionar-se bem um com o outro. A «missão» tem continuado a funcionar desde essa altura, agora estando reduzida a um grupo diminuto de pessoas de bastante idade. Tem tido o apoio de uma outra igreja da zona – situação com a qual manifestámos a nossa discordância desde o princípio sem, por isso, deixar de nos relacionarmos com essa igreja.
Houve situações trágicas com alguns jovens das famílias em questão – situações que não queria comentar aqui, por respeito à dor que essas famílias sofreram.
Entretanto os nossos filhos mantiveram-se na igreja, primeiro sendo «levados» pelos pais e, depois, seguindo da sua própria vontade. Encontraram muito apoio em trabalhos como o GBU. Alguns passaram fases «carismáticas», querendo outro estilo de culto. Nenhum prejuízo veio daí: o que puderam aprender de outros lados, aprenderam. Aprenderam a dar, também, valor à exposição da Palavra na nossa congregação – um tipo de ministério que se encontrava pouco, mesmo no meio baptista.
Por respeito a eles não conto aqui algumas das situações incómodas que surgiram – pela graça de Deus não me parece que tenham sido mais prejudiciais do que as que surgem na vida de quaisquer adolescentes.
Agora, como muitos leitores deste blog sabem, dois estão casados com crentes dedicados. A Laura Beswick passou a ser «Pallister» também – e o John (que costumes!) passou a ser «Beswick»! A Lilian passou a ser «Calaim» também – e o Luís (como é que isso poderia ser?) passou a ser «Pallister»! O Ricardo trabalha esforçadamente com crianças e adolescentes na igreja e o Andrew continua a estar envolvido também.
Têm vindo novas famílias à igreja, que não sofreram esses problemas e, neste momento, há um trabalho com adolescentes e crianças com muito dinamismo.
Para os leitores deste blog que conhecem a Bíblia, não será preciso dizer onde é que se encontram passagens que asseguram que, quando criamos os filhos para aceitarem e obedecerem a Palavra, Deus nos honra. Durante muito tempo na nossa casa houve a sensação de que as intrigas e os telefonemas na altura das refeições, de pessoas da igreja, envenenavam o ambiente. Mas foi Deus, muito mais ainda do que a igreja, que cuidou dos Seus filhos. Na lógica de Romanos 8:28, Ele trabalhou para o bem dos Seus, mesmo através desses telefonemas e intrigas!