24 agosto 2010

A orientação do Espírito: um tipo de GPS interno?

Cada vez mais ouve-se dizer aos cristãos: «Deus falou-me». Parece que isto até confere o carácter de infalibilidade àquilo que a pessoa vai dizer a seguir.  Muitas vezes eu próprio quis ter a segurança de que Deus me estava a orientar, usando frases deste tipo. Uma vez, muito novo, comecei um namoro, dizendo que «Deus» me tinha dito que era pessoa certa para mim. Depois, quando o namoro terminou, tive que dizer que «Deus» me tinha mostrado o contrário!
Depois, em anos recentes, veio a existir o GPS – instrumento que serve para substituir o trabalho mais árduo de estudar mapas. Parece-me uma ilustração perfeita para este meu antigo conceito de orientação divina! Não tenho que pensar: o GPS dita cada passo. Ele não pondera hipóteses comigo. Simplesmente fala. Não posso discutir com ele. Se me diz para seguir um caminho que é manifestamente impossível, a hipótese é desligá-lo!


Costumava entender que Romanos 8:14 (“Porque todos os que são guiados pelo Espírito de Deus, esses são filhos de Deus”) falava numa «voz» subjectiva desse tipo. Mas, através de alguns erros – o já citado e mais alguns – tive que aprender que, na Bíblia o Espírito a falar não se opõe ao nosso raciocínio. Não sou incentivado a deixar de raciocinar, para ouvir «a Sua voz», mas a deixar que Ele transforme o meu raciocínio (Romanos 12:1-2).
Afinal o Espírito deu-nos um mapa (a Bíblia) e dá-nos a luz para a compreender – e para descobrir a maneira como nos orienta para tomar as nossas decisões específicas. Nada tão imediato como um GPS. Mas é muito mais interessante. E não nos dá a ilusão da infalibilidade. Nem aquelas falhas embaraçosas!