05 outubro 2007

O INCÊNDIO

Na segunda feira, dia 1 de Outubro, estava tranquilamente a começar a assar a carne para o almoço, quando o John (que, com a Laura, ainda está aqui no Centro, à espera do fim das obras na casa no Porto), veio perguntar: «É suposto a erva à frente da casa estar a arder?».
Quando fui ver, estava mesmo a arder. E não era suposto.
Também estava a arder a erva na propriedade dos vizinhos e o vento vinha desse lado. A mãe da nossa vizinha estava a trazer baldes de água, mas as chamas só subiam mais.
Do nosso lado havia uns baldes, alguns rotos, outros sem asa, e uma mangueira desconjuntada que não chegava ao lugar das chamas.
O pior é que as chamas estavam a avançar na direcção do pinhal do vizinho. Tivemos que tentar segurar a mangueira de maneira a fazer chegar uma parte da água até a parte que estava a arder. E, entre os baldes, houve alguns que ainda podiam ser usados. Veio o Ricardo para ajudar, e a Branca, que está connosco no Centro.
Não pudemos dar atenção ao fogo do lado dos vizinhos, porque o pinhal do outro lado da nossa propriedade estava em perigo. A vizinha, que tem problemas de saúde, ficou quase em desespero.
Chamámos os bombeiros e, enquanto chegavam, fomos lutando do nosso lado. O John trouxe um tapete velho e entre todos conseguimos que as chamas parassem - a um metro praticamente do pinhal. Do lado dos vizinhos as chamas foram consumindo mais (só que era vegetação que de qualquer maneira queriam queimar). O pior seria se o vento mudasse e as chamas fossem para a propriedade dos vizinhos do outro lado.
Quando os bombeiros chegaram dominaram as chamas todas em poucos minutos.

Com o meu «vício» de pregador, de tentar tirar lições das situações, fui pensando. Dei graças a Deus pelo facto de as chamas pararem. Não era um exemplo maravilhoso da Sua graça? Mas, alguém podia dizer, «se vocês não tivessem lutado, mesmo com mangueiras e baldes rotos, o pinhal não teria ardido?». Então, afinal, é graça divina, ou são obras humanas? Ou é uma mistura das duas coisas?
O que teria valido o nosso esforço se o vento tivesse sido um pouco mais forte... se a erva tivesse crescido um pouco mais.... se tudo tivesse acontecido numa hora em que não estivéssemos em casa? Mesmo a nossa luta foi com a energia que Ele nos deu -e o facto de os baldes e as mangueiras, que nós deixámos estragar, ainda funcionarem em parte, teve alguma coisa a ver com a Sua misericórdia! Tudo isto diz qualquer coisa sobre a relação entre o nosso esforço e a graça divina. Filipenses 2:12-13!

Depois, pensei: «não devíamos ter dado mais atenção à propriedade dos vizinhos». O erro teria sido deles, mas nós não devíamos lutar para que eles não apanhassem piores consequências? O que teria pensado alguém a passar, ao ver-nos lutar desesperadamente para apagar as chamas do nosso lado, aparentemente ignorando o problema deles?
Eles, os vizinhos, depois disseram que estavam mais preocupados com o pinhal ao lado da nossa propriedade e, eventualmente, caso o vento mudasse, com a propriedade do outro lado do deles. Tratando da parte que era propriedade do Centro, apesar de representar pouco prejuízo, sendo um terreno em que a erva facilmente crescerá de novo, estávamos sem dúvida a fazer o melhor possível para que o problema não tivesse piores consequências.

Aqui, se houver outro «moral da história», deixo aos nossos leitores a oportunidade de dizerem qual é.
O nosso blog agora está preparado para aceitar comentários.
Aguardamos!

5 comentários:

Anónimo disse...

Uma "moral" possível, para além das já mencionadas, tem a ver com a nossa participação no plano de Deus. Cumprindo a tarefa que nos é destinada, neste caso combater o fogo que surgiu na propriedade, estamos a colaborar num plano global, a extinção do incêndio. A vivência cristã tem a ver com isto: cumprir da melhor forma a tarefa que nos foi destinada por Deus, sabendo que a nossa acção faz parte de um plano, de sucesso, previamente definido.
Um abraço.

Pedro Leal

Anónimo disse...

Havendo um material combustível, oxigénio e uma fonte calor o incêndio pode acontecer! É química? Sim! Mas não é menos espiritual dado que acredito que Deus dessa forma possibilitado a existência de fogo!...

Quanto à "moralidade" será a mesma de outro acidente que pode acontecer a um crente e ou suas posses dentro da "vontade permissiva" de Deus (vd. Jacó !?).

O porquê? Em breve, estando com Ele saberemos, se Deus quiser.

Paz!

O Canto da Rola disse...

Muito obrigado pelas duas respostas!
A do Pedro Leal correspondia exactamente à ideia que estava na minha mente e que estava a tentar pôr em palavras!

O Canto da Rola disse...

Os dois comentários recebidos - e o meu.

Anónimo disse...

Sem dúvida interessante...
Ao ler desta vossa "experiência", também me assaltou a mente o facto de os baldes estarem rotos e a mangueira desconjuntada, e para além de efectivamente muitas vezes os "deixarmos estragar", Deus usa-nos apesar de "rotos" e "desconjuntados", mesmo quando somos nós próprios que nos deixamos chegar a esse ponto, não cuidando do "templo" que é o nosso corpo físico, a nossa mente e o nosso espírito.
Foi bom, pelo menos deixou-me a pensar... ;)
Um grande abraço para toda a família,
André.