Não existe só uma escola de emergentes. Mark Driscoll distingue quatro:
(1) os mais liberais (ou revisionistas) que seguem Brian McLaren e que pretendem reinterpretar a esperança cristã em termos de uma visão para esta sociedade e esta vida.
(2) Depois há os que são evangélicos, num sentido lato do termo, mas que querem explicar a mensagem em linguagem mais relevante, apropriada para uma época pós-moderna.
(3) Depois há os que não querem mudar nada a nível das doutrinas particulares ou denominacionais, mas que querem usar estilos de culto e formas externas mais apropriadas para a geração mais jovem (a «X» e tudo o que veio depois!).
(4) Finalmente há os reformados, ainda calvinistas na sua teologia, mas que querem formular a sua doutrina específica em linguagem e estilos de culto relevantes para a nossa geração. Mark Driscoll (que ainda não tive tempo para apreciar bem) é destes últimos.
Se alguma vez aceitasse classificar-me como «emergente» (com os meus 59 anos, estou em desvantagem!), creio que seria nesta última escola que me colocaria.
A primeira escola emergente está em crise teológica séria. Numa entrevista que se pode ouvir no You-Tube (“Museum of Idolatry”, www.youtube.com/watch?v=8soufsX2fbk), McLaren afirma que, de acordo com o ensino tradicional sobre o inferno, Deus exige dos crentes aquilo que Ele próprio não é capaz de fazer. Em última análise não é diferente dos reis deste mundo, porque eles fazem valer a sua posição pela violência e pela coerção. Na visão tradicional, Deus efectivamente faz o mesmo: faz prevalecer o Seu Reino pela força.
Mas dos crentes exige mais do que isso. Exige que perdoem incondicionalmente, amando os seus inimigos até ao fim.
Citando um outro teólogo, cujo nome não revela, McLaren diz que Deus não pede a um homem crente que, para perdoar a sua mulher, dê primeiro um pontapé no cão, descarregando assim a sua ira. Mas a visão tradicional parece estar a dizer que, Deus, para nos perdoar, tem que dar um pontapé em Outro, no nosso lugar!
Quando faz afirmações chocantes, McLaren tem o hábito de se esconder atrás de personagens fictícias - ou outros teólogos que não nomeia. Também costuma dizer que está a aprender e a evoluir – nada do que diz representa uma posição final sobre um assunto. Mas, se cita outros, torna-se evidente que é porque ele próprio neste momento quer tomar posição. E é neste termos desrespeitosos, para não dizer blasfemos, que fica posta em causa a doutrina (que não é só a tradicional, mas a bíblica – ver, entre muitos mais textos, 1 Pedro 2:24) da morte expiatória de Cristo, o nosso substituto!