Se.... (2 Samuel 15:25).
O rei e o povo estão de fugida de Jerusalém e passam o ribeiro do Cedron. A seguir, descalços e com a cabeça coberta, sobem o monte das Oliveiras a chorar amargamente. Tudo parece indicar que Absalão ganhou.
Séculos mais tarde o descendente de David, Jesus o Messias, iria parar no mesmo monte e desatar a chorar sobre esta mesma cidade que, no Seu tempo, O rejeitou (ver Lucas 3:28-29).
Abalados pelos problemas do nosso tempo – a crise financeira, a crise da incompreensão ou da rejeição – há líderes e membros experientes das comunidades da fé que estão hoje a perder tudo o que aparentemente tinham de seguro. Sentem-se, naturalmente, perto de David e Jesus, na encosta desse monte.
Mas.... há neste versículo uma partícula: «se».... Numa cultura como a portuguesa, tingida pelo fatalismo, o «se» muitas vezes tem a ver com o especulativo e altamente improvável (se a crise financeira mundial se resolver..... se uma tia rica morrer e me deixar uma boa herança.... se ganhar a lotaria....). Equivale quase ao desespero.
Mas não é assim com o «se» de David. «Se....achar graça nos olhos do Senhor». Dizer «se» pode ser apenas a indicação de que estamos a abandonar definitivamente toda a esperança que tínhamos em nós próprios e estamos, ao mesmo tempo, a afirmar a dependência real do Senhor que já no passado Se manifestou claramente nas nossas vidas. Podemos estar de facto a afirmar que estamos inseridos numa história escrita por Aquele que tem a última palavra sobre todos os acontecimentos. É Ele que dita todos os passos que necessários para lá chegarmos, passando por muitos caminhos que podem parecer ser de derrota total.
David naturalmente se sente cansado e frustrado. Sente o peso e os traumas incuráveis de erros passados .. traumas estes que subsistem apesar do facto de ter sido perdoado. Mas manda a arca a Jerusalém, porque acredita que Deus o vai fazer voltar até lá. Depois, em bastante menos tempo do que pareceria razoável ou mesmo possível, é exactamente isso que Deus faz.
Quando o «se» significa que recordamos o que Deus fez em nós e por nós pela Sua graça, e voltamos a firmar a nossa confiança de que Ele não muda, esta partícula, em vez de expressar esperanças incertas ou utópicas, pode introduzir os mais espantosos relatos de vitória!
Obrigado, Nuno Calaim, por teres escrito de Moçambique a dar um estímulo e uma palavra de ânimo. Vou tentar corresponder!
16 fevereiro 2009
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